6.7.06

Matilde



Longe vão os tempos em que tomavas cafés adocicados enquanto vias, deliciada, os estrangeiros (e os conhecidos!) passar. Rias-te com os nossos comentários mordazes sobre os transeuntes e eu também!
Hoje a tua delícia é outra – olhas a ecografia da ervilha que abraças em ti, confortada pelo calor que ela te traz.

Não estás, contudo, certa das companhias de hoje ou de amanhã. A indeterminação segue-te, uma vez mais!
Não sabes o que ou quem irás consumir ou mesmo como morderás as horas que te seguem.
Tão pouco sabes se as tuas muralhas de cartão sobreviverão a intempéries que conheces como certas.
Sabes, apenas, a segurança de um começo.

És vagem que baloiça nos ervilhais contendo em si a promessa do amanhã.

1.7.06

O que te faz chorar?




- O que te faz chorar?
- Os filmes e as canções! Fazem-me chorar os filmes, mas só quando ninguém está a olhar… Sabes que os icebergs não derretem mesmo no Inverno, não podem verter água ou o mundo inteiro seria engolido. É uma questão de altruísmo, percebes? (risos)
- Sim. Tens razão! Icebergs não podem chorar.
- Então e a ti? O que te causa lágrimas?
- As saudades! As saudades matam-me! Não aquela simples melancolia ou tristeza que bate de vez em quando… Saudade, esse sentimento tão português!


E senti-me, eu, mais português nesse mesmo instante do que em semanas a levar com bandeiras e a ouvir falar de golos.
Tenho dito!