30.5.06

A mais longa viagem


Então adeus! Não tem de ser um até logo… pode antes, mesmo, ser um até sempre!
Podemos trocar um beijo (ou não) e fico aqui a olhar. Aceno e tu também.

Ficamos os dois com esta ideia de quase perfeição que nunca existiu. Espera. Talvez seja melhor mesmo sem despedidas – não gosto delas! Só ficam bem nos filmes, com a capa fria que o ecrã ou o projector nos permite.
Não! Não quero despedidas. Já decidi. Tenho essa opção, não tenho?
Dura esta ideia de que te encontro, amanhã, no sítio do costume. Primeiro, começo por não poder te visitar. Depois és tu, depois nenhum e depois esquecemo-nos… pelo menos até aos aniversários e aos natais. Posteriormente, até podemos nos esquecer de alguns deles. Rasgas as páginas do teu calendário e eu da agenda.
Ficam o tudo e o nada ditos. Prefiro assim. Sempre preferi as entrelinhas – irrita-me a evidência do óbvio. Mas isso já sou eu com as minhas complicações.

Vai embora, que eu finjo que não percebo.
Podes ir… “Nice to know you. Pleased to meet you” como na canção.
Adeus. Beijos.”, como diz a outra.

E não é sempre assim?

Desencontro-te amanhã








Vejo-te ao longe, tal como me vês.
Os olhares de outrora dão lugar a acenos de constrangimento.

A fiandeira reserva-me outros alinhamentos.

24.5.06

Quando têm a mania que nos conhecem muito bem, mas na realidade não têm é perspicácia suficiente para distinguir que estamos, mesmo, só a brincar!

- Estás mal disposto? Ah... Deve ser olhado... Não notaste ninguém a olhar para ti?
- Er... Nada fora do normal! Eu estou habituado a que olhem para mim!
(risos meus!; Silêncio e revirar de olhos do outro lado)


"Auto-estima é contigo!" - Conhecem-me tão bem! Lol

17.5.06

Laranja ou novelos?

Corto a laranja, em duas partes. Olho.

Nelas, um vestido de noiva estendido a secar sobre telhados. A menina-pássaro flamejante dos meus livros aos quadradinhos. Dois amantes, separados, algures num mundo em forma e tamanho de ervilha. Quatro sorrisos de encantamento, juntos ao par. A personagem agridoce que se banha ao sol e mordisca flores secas, ao luar. O relógio no pulso de joaninha que não voa. As ilhas sem ponte. As estruturas brancas sobre fundo aguarelado. Pequenos vulcões com espuma de mar. Dois novelos sussurrando histórias ao entardecer.

Saudades mortas

Então, olá! Já tinha saudades tuas!
Não me lembrava desses traços na tua cara… tão pouco de como falas compulsivamente e sem parar. Esse som melado, também já me tinha esquecido dele.
Essa tua forma de combinar os truísmos com o riso, temperado de júbilo até me fez rir, por instantes. Pois… ainda não sabes tudo. Não foi desta!
A nossa sombra de outrora… também sentia falta dela, mas a sua frieza intimidou-me. Trouxe ao de cima uma timidez que julguei perdida há muito. Já não a conheço (à sombra!). Seu cabelo ainda dança ao vento, mas as valsas são outras. Adeus sombrinha.

De repente, vi o de outrora e depois, o de sempre.
I do not miss you, anymore!
Até à próxima! Estranhamente conto com ela, como com o sol que amanhã se espreguiçará no lençol azul do céu.

6.5.06

Dream a little dream


Olhou o relógio. Há 7 dias atrás, perguntava-se se te encontraria, por aqui. Se teriam mais uma dessas conversas improváveis. Pensou que sim! Planeava vestir o uniforme do verde que tu gostas.
Ficou, o dia, a pensar. Pensou-te no meio dessa, estranha mas envolvente, multidão. Sonhou-te a sussurrar “vamos embora daqui”.

Não te viu! Lembrar-te-ias?
Hoje, tantos dias passados, sorri – “Até à próxima, que é, já, daqui a pouco.”

5

Cantas cada uma dessas tuas canções emprestadas.
Sabes o nome deles de cor – os minutos de cada uma das horas.
Conheces os sinais do seu corpo, de quando, ainda, por eles passavas as mãos.
Saboreias cada pedaço de sal do que, cheio de vontade, levas à boca.

Não soubeste por que nome lhe chamar, nesse dia.
O agora é sempre!

4

Doce mercúrio beija o chão, ao lado dos vidros que deixaste cair. Não os juntes! Gosto mais deles assim… Desenham o percurso de outrora; de quando fazias padrões com os pés sobre a tijoleira, pintando a vermelho.

Gosto mais do chão, assim… sem tanta ordem ou perfeição!

3

Hoje, acordaste e esqueceste.
A bem ver, nem chegaste a adormecer. A noite tinha passado e tu só olhavas os seus cabelos sobre o pescoço tocado pelo sol – sempre tocado pelo sol! Nem é que procures o seu toque… Acabas por encontra-lo; ou melhor, ele a ti!

Acordaste e fechaste-o – ao corpo. Voltaste para a roupa que tinhas deixado no chão. São horas!
Esquece.

2

Comparou o mundo a uma ervilha. Uma pequena ervilha, numa qualquer vagem soprada pelo vento.

Por pequenina que fosse, como a princesa do conto que a sentia mesmo sob os 77 colchões e colchas, conseguiu surpreender e recontar as histórias que eu havia segredado.
Tão cíclicas! Tão facilmente adulteradas.

Este contador está cansado das ditas coincidências.

Procura-se nova ervilha! Até pode ser cor-de-rosa como a do blog!

1

Sento-me, à espera de mais uma das tuas histórias. Tens uma para cada dia que passa – pelo menos uma!
Sento-me para ouvir. Não que goste delas – não penses! Já se tornaram um hábito.
Gostava de saber é se as inventas, qual contador ou Sherazade! Também tinhas umas para te contar… Ficam para a próxima!

4.5.06

Mapas

Olhas para o relógio e vês o ponteiro dos minutos mudar para os 11. Sobrepõe-se ao das horas.
Tiras os alfinetes que te tapam as cicatrizes e atira-los para o chão.
Antes de adormeceres, lambes a pele, tentando apagar pegadas.

Ainda, consegues seguir alguns desses mapas que te traçaram no corpo... Não te invejo!

3.5.06

A conversa mais improvável

- Olá! Ao tempo que não te via!
- Mas… lembras-te de mim?
- Claro! Claro que sim! Estavas ali… ali à frente… Saltavas muito. Rias. Cantavas. Já te tinha visto, uma vez, antes. Estavas no mesmo sítio, julgo eu… Usavas o meu verde e também saltavas… usaste sempre esse verde! O teu verde que se fez meu.

I’ll see you in another life”… quando aprendermos a miar. Quando tivermos a telha como cama e o zinco como sofá.

Talvez fale contigo... amanhã!


Três anos passados desde a última vez que o disse. Três anos passados e muitas conversas depois… mas não nossas! Não! Nós já não usamos palavras; não entre nós, isto é.
Não!
Não foi o assunto que se esgotou, foi o peso do que não ficou dito.
Sabes… pesam-nos as entrelinhas. E quem diria que pudessem pesar tanto?

Em tempos pensei que eras um desses virús que não se cura… Sabes? Aqueles que são trocados entre lábios de amantes. Mas nós nunca fomos amantes; não é mesmo?

Ainda estás aí? Sabes… é que não sei. Não falamos… mas fingimos que sim!
Fingimos haver assunto, quando me cruzas o caminho.
Tornamo-nos peritos nisso, não foi?
Tu em fingir que não o sabias e eu fingindo acreditar que sim! Tu nas maçãs verdes que me atiravas e eu nos quadros que não quis pintar… Pintaria outros e esses que me ditavas, a seu tempo!

No último café turvo que tomámos, o tempo teimou em não passar, mesmo quando soprei o ponteiro dos minutos e forcei o das horas… Como no livro que me emprestaste, não foi? Entre nós? Sempre, sempre as horas! Não tuas, mas minhas!
Em algumas delas pensei, em carmim, em falar contigo “amanhã”, sempre amanhã porque tornaria tudo mais fácil.

Agora jazem os tempos mortos de outrora e as máscaras que insististe em colocar.

Entre nós, sempre as entrelinhas e sempre o amanhã.

Um dia destes, falamos! Não tem é de ser, já, no amanhã.

2.5.06

Entre duas canções

Conta-me histórias... mas sem mais contos de embalar!

O ninho ou o melhor sítio do mundo

A propósito de alguém que escrevia sobre sua metade de laranja e um abraço oferecido e aconchegado - “o melhor sítio do mundo".

Dei comigo a olhar-vos com outros olhos; com certeza, pedi-os emprestados a alguém, visto que era um olhar tão diferente de todos os que vos tinha dado.
Olhei-os sem os ver ou vi-os pela primeira vez?
Ternurentos. Doces. Amantes. Ou estará no meu olhar?

São felizes, vocês? Parecem-me!