Cansada de esperas e de “se’s”, Alice arrumou os novelos que ainda corriam pela casa entre as brincadeiras do gato cinzento que por ali, com ela, habitava, no baú velho que herdara da avó materna. A avó, em tempos, prevenira a neta para o destino dos que passavam os dias de olhos postos no horizonte… Mas Alice, já senhora de seu pequeno mas pontiagudo nariz fazia tranças nos cabelos de Maria Maçã, a boneca de cabelos ruivos, e ria… ria muito alto daqueles monólogos confusos. Porque passaria alguém os seus dias a fitar um mar cujo princípio e o fim nem se viam?
Agora, ao olhar para trás, Alice não se conseguia recordar de uma única vez em que a avó, uma mulher de grandes e ternos olhos azuis e pele enrugada como papel, tivesse abandonado aquela casa de tom rosado que viria a habitar.
Durante muito tempo culpara, a avó e as suas histórias, do rumo que a sua vida tinha tomado, mas deixaria de acreditar em linhas traçadas na palma da mão ou em contos de mulheres que tinham começado a vestir o preto como armadura à espera de algo que não viria.
Era aquele o momento decisivo. Aquele ali e agora. Sim… ali! Na casa com vista para o mar que albergara o sal das outras antes dela.
Nas últimas semanas havia ansiado por um bilhete para lugar nenhum, longe das pontes e das pessoas conhecidas. Ao contrário daqueles jogos que a divertiam em adolescente, em que os castigos eram sempre mais doces que a confissão, este não era, agora, o caso. Chegava de se castigar… afinal nem fizera nada de especial. Sim… chegara daquele sentimento de culpa que lhe percorria o sangue como uma doença.
Deixaria tudo para trás de forma a poder começar de novo. Olharia uma última vez para a casa à qual, jamais, voltaria. A acompanhá-la não iria sequer a velha boneca. Tomaria uma estrada diferente e nunca atravessada algures, à esquerda do meio de um mapa por traçar.
Afinal, para Alice, aquilo já era um começo.
Agora, ao olhar para trás, Alice não se conseguia recordar de uma única vez em que a avó, uma mulher de grandes e ternos olhos azuis e pele enrugada como papel, tivesse abandonado aquela casa de tom rosado que viria a habitar.
Durante muito tempo culpara, a avó e as suas histórias, do rumo que a sua vida tinha tomado, mas deixaria de acreditar em linhas traçadas na palma da mão ou em contos de mulheres que tinham começado a vestir o preto como armadura à espera de algo que não viria.
Era aquele o momento decisivo. Aquele ali e agora. Sim… ali! Na casa com vista para o mar que albergara o sal das outras antes dela.
Nas últimas semanas havia ansiado por um bilhete para lugar nenhum, longe das pontes e das pessoas conhecidas. Ao contrário daqueles jogos que a divertiam em adolescente, em que os castigos eram sempre mais doces que a confissão, este não era, agora, o caso. Chegava de se castigar… afinal nem fizera nada de especial. Sim… chegara daquele sentimento de culpa que lhe percorria o sangue como uma doença.
Deixaria tudo para trás de forma a poder começar de novo. Olharia uma última vez para a casa à qual, jamais, voltaria. A acompanhá-la não iria sequer a velha boneca. Tomaria uma estrada diferente e nunca atravessada algures, à esquerda do meio de um mapa por traçar.
Afinal, para Alice, aquilo já era um começo.
4 comentários:
"Nunca voltes ao lugar onde já foste feliz"... Eu acho que a Alice devia pensar melhor, eu acho que esta frase pode e deve ser contrariada por vezes !
Achas que a Alice foi feliz na casa? Quando brincava com bonecas também conta?
Isso só a Alice pode dizer. Ela é quem sente realmente.
Opah... tenho d falar c ela!
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