Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que só uma voz me evoque a sós consigo 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que não viva já ninguém meu conhecido 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que nem vivo esteja um verso deste livro 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que terei de novo o Nada a sós comigo 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que nem o Natal terá qualquer sentido 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que o Nada retome a cor do Infinito 
David Mourão-Ferreira 
 
 
2 comentários:
Há-de vir um Natal em que eu possa desejar-te FELIZ NATAL,
pessoalmente...
Bonito poema!Parabéns pela escolha.
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