“Damos festas, abandonamos as nossas famílias para vivermos sós no Canadá, batalhamos para escrever livros que não mudam o mundo apesar das nossas dádivas e dos nossos imensos esforços, das nossas absurdas esperanças. Vivemos as nossas vidas, fazemos seja o que for que fazemos e depois dormimos: é tão simples e tão normal como isso. Alguns atiram-se de janelas, ou afogam-se, ou tomam comprimidos; um número maior morre por acidente, e a maioria, a imensa maioria é lentamente devorada por alguma doença ou, com muita sorte, pelo próprio tempo. Há apenas uma consolação: uma hora aqui ou ali em que as nossas vidas parecem, contra todas as probabilidades e expectativas, abrir-se de repente e dar-nos tudo quanto jamais imaginámos, embora todos, excepto as crianças (e talvez até elas), saibamos que a estas horas se seguirão inevitavelmente outras, muito mais negras e mais difíceis. Mesmo assim, adoramos a cidade, a manhã, mesmo assim desejamos, acima de tudo, mais.”
Michael Cunningham, in “As Horas”
8 comentários:
Nada é mais verdadeiro do que isso mesmo!
Cruzes ! A minha vida não é assim tão negra ! Não seria melhor termos umas horas mázinhas e o resto boas em vez desse cenário tão aterrador ? A gente precisa é de rir ! E olhar bem pas coisas piquenas !
pedro espírito santo: "Não seria melhor" - condicional. Então sempre dás razão ao sr. Cunningham mesmo sem o quereres!
Não dou razão, estava era dando-lhe uma dica.
Oh homem, isto n vai lá com dicas... Lê o livro! Dps falamos ;)
Damos festas até nos cortarem a cabeça (?)
LOL. Damos festas, pk os estagários tratam de tudo!... er, digo "os meninos"!
* "estagiários"
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