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Cranberry Heart
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I Love My City
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Deambulando no MACBA
Que me desculpe, desde já, o leitor ou visitante do espaço blogueiro, sobretudo (a ser caso disso) se for entendido na matéria, pelo que se segue. Isto deverá ser entendido como devaneio barcelonense, não pretendendo, de todo ser um qualquer estudo ou tratado (não tive o cuidado de fazer qualquer investigação), mas, antes, procedo ao relato (reeditado) de uma viagem matinal a um Museu. Um registo de viagem, se quiser.
Avisado, que está, poderá prosseguir.
Paragem obrigatória para mim, em qualquer sítio do Mundo em que me encontre, será um qualquer espaço dedicado à dita Arte Contemporânea e adianto, desde já que o MACBA, na sua estética White Cube, não desaponta. Distribuídos pelos vários pisos (seriam 4 ou 5?) Thomas Bayrle (que já se anunciava no grande Hall de entrada e nas escadarias, no infinito“descascar de batatas” - imagem acima), Rabascall e Cildo Meireles.
Thomas Bayrle é um alemão que poderia ser "engavetado" num Noveu Realisme europeu. Tal seria demasiado categórico. Em comum com os novos realistas? O estado de espírito e o novo olhar sobre a realidade e seus objectos quotidianos. De diferente? A lógica de uma pop americana Warholiana - este senhor consegue ter trabalhos muito similares na mesma época que seu parente estilístico americano - na temática, nos tais objectos do quotidiano, na maquinaria, na cultura de massas, nos retratos. Em que difere de Warhol? Esculturalmente é mais interessante (para mim, atenção!) - são auto-estradas de cartão e seus carros em miniatura que se entrelaçam e dão origem a novas formas, abstraindo-nos do que lhes dá origem.
De destacar, ainda, em Bayrle, o experimentalismo e variedade de técnicas (incursão no vídeo e imagem digital, as referidas esculturas em cartão, as inúmeras “mistas”, as esculturas e pinturas móveis, os wallpapers feitos instalação).
Formalmente seu trabalho caracterizar-se-á pela repetição de módulos em padrão... não os módulos geometricamente simples e/ou simplificados de uma Optical Art (ainda que lhe encontremos semelhanças inúmeras), mas os tais objectos de consumo, imagens pornográficas, imagens de imagens, imagens outras que para aqui não interessarão, que se (des)multiplicam no preenchimento do espaço, formas fundo e/ou figuras... por vezes em pleonasmos delas mesmas - é "o chover da chuva" em chávenas e pires que, modularmente, modelam chávenas e pires em telas de grande formato, para dar apenas um exemplo.
Falei nas pinturas com motores desligados? Não? Pois, lá no MACBA, resolveram mantê-los desligados sem explicação. Tive pena.
O título anunciava que “Já não estávamos no Kansas”. Estava certo!
O catalão Rabascall tem obra exposta noutro andar do MACBA. Embora próximo na temática ao anterior, utiliza uma maior dosagem (no sentido em que é frequente) da figuração humana. As colagens, intercaladas com a pintura, numa dosagem equilibrada (na medida em que deixa espaço para ambas coabitarem, sem se prejudicarem) tomam a forma de pequenas telas distribuídas por uma imensa e apetecível (à intervenção) imaculada parede branca ou de grandes telas semeadas, habilmente, pelo espaço circundante. Mais à frente, no meu passeio, três projectores de slides e três temas centrais (sexo, política e famosos? algo assim!).
Para além do deleite pelas colagens, ficou-me o seu olhar crítico, irónico e bem humorado aosmass media. Rabascall roubou-me umas gargalhadas (reais) e fiquei-lhe agradecido.
O deambular faz-me percorrer quatro Cantos Virtuais (e seus estudos) expostos no meio de uma sala, o campo-Eureka de bolas de arremesso de dimensões iguais mas peso variável - segundo o que li - ("não atirar muito alto", diz um outro segurança em catalão, embora as fotografias expostas anunciem o contrário) sonorizado a eco de bolas de bilhar, seguir-se-ia uma sala VERMELHA (densa, cheia, penetrante), ou melhor, um Devio para o vermelho - um permanente acumular de objectos (há, lá, um ipod nano vermelho de 3ª geração num loop de imagens escarlates) habitam uma sala, desde televisores antigos, um computador, gaiolas, tapetes, pinturas, tostadeiras, relógios, etc. ao escuro (ausência de vermelho e de toda a cor) e a um lavatório onde um líquido vermelho, qual sangue, corre em contínuo para um aflito ralo. Fascinou-me o manchado do vermelho na louça branca.
No unificador do vermelho, a lógica troca-me as voltas e des-percepcionei(/amos?).
O denominador comum aos três expostos?
Não sei se era suposto haver, mas dali tirei dois - o novo olhar sobre o real por parte dos artistas, na sua questionação e interrogação e o forçar do fruidor/ visitante à busca desses (e outros) novos significados/ realidades a partir do momento em que a sua percepção é enganada.
Tendo voltado ao Hall de entrada, ocorreu-me como teria sido bom levar a Rita Rodrigues ou a Isabel Santa Clara na viagem ao MACBA, “soltá-las ali” (salvo seja) e beber do que falassem.
Mea Culpa por não conseguir proceder a uma identificação apropriada das escassas imagens que apresento. São imagens roubadas por falsa ingenuidade e “à pressa”, no sítio onde o pictograma proibe a máquina fotográfica de trabalhar.
Até já, MACBA.