Quando os relógios pesam tanto como maquinarias antigas, ensopam-se novelos em banhos de sépia a fim de os mudar de cor. Tempos houve, em que os mesmos circundavam paisagens e mundos esféricos de matiz adocicada e voltavam a tempo de tomar chá.
Mas com o pesar dos relógios e dos dias, que teimam em apressadamente passar, ensaiam-se conversas de ocasião, ocas de sentido e pesadas de constrangimento. Diz-se aquilo em que não se parece acreditar, para em jeito de cartada final, o desdizer.
Oferecem-se convites com mão recolhida e finge-se não perceber as meias verdades suspensas no ar como se de bolas de sabão se tratassem.
Ao fim do dia, reclama-se a jeito de egoísmo infantil as faltas e ausências do agora, sonhando com um ontem ficcionado.
Amanhã? Amanhã nascerão bebés enquanto outros são feitos, correr-se-ão maratonas a passo de caracol, travaremos diálogos sem escassez de pormenores, comer-se-ão (sofregamente) laranjas inteiras abertas com mão emprestada, cantar-se-á bem alto na pauta mais desafinada que houver, dançaremos electricamente com quem estiver ao lado, sentiremos borboletas ou outro insecto qualquer a bater asas na barriga (ou não!). Amanhã? Amanhã apanharemos autocarros e aviões para destinos mais certos, acompanharemos em directo mais uma execução, fiaremos novas teias de enfeite, faremos piadas mordazes e corrosivas só para quem puder entender, reabasteceremos corpos de beijos e beberemos vodka da garrafa com o gelo e o sumo à parte.
Amanhã? Pedirás a cartola emprestada ao Chapeleiro Maluco da Alice, porque te faltou uma tiara, ainda que não o vestido. Amanhã? Amanhã reclamarás, novamente a minha ausência e engolirás sorrisos tão descartáveis como cartão, brindando com o champanhe que derramas.
Mas com o pesar dos relógios e dos dias, que teimam em apressadamente passar, ensaiam-se conversas de ocasião, ocas de sentido e pesadas de constrangimento. Diz-se aquilo em que não se parece acreditar, para em jeito de cartada final, o desdizer.
Oferecem-se convites com mão recolhida e finge-se não perceber as meias verdades suspensas no ar como se de bolas de sabão se tratassem.
Ao fim do dia, reclama-se a jeito de egoísmo infantil as faltas e ausências do agora, sonhando com um ontem ficcionado.
Amanhã? Amanhã nascerão bebés enquanto outros são feitos, correr-se-ão maratonas a passo de caracol, travaremos diálogos sem escassez de pormenores, comer-se-ão (sofregamente) laranjas inteiras abertas com mão emprestada, cantar-se-á bem alto na pauta mais desafinada que houver, dançaremos electricamente com quem estiver ao lado, sentiremos borboletas ou outro insecto qualquer a bater asas na barriga (ou não!). Amanhã? Amanhã apanharemos autocarros e aviões para destinos mais certos, acompanharemos em directo mais uma execução, fiaremos novas teias de enfeite, faremos piadas mordazes e corrosivas só para quem puder entender, reabasteceremos corpos de beijos e beberemos vodka da garrafa com o gelo e o sumo à parte.
Amanhã? Pedirás a cartola emprestada ao Chapeleiro Maluco da Alice, porque te faltou uma tiara, ainda que não o vestido. Amanhã? Amanhã reclamarás, novamente a minha ausência e engolirás sorrisos tão descartáveis como cartão, brindando com o champanhe que derramas.
3 comentários:
Tens muita coisa para fazer "Amanhã"... tá a mexer que se faz tarde...
Tenho sempre muita coisa para fazer - ontem, hoje e amanhã.
fio-norte....do norte
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