6.4.07

Desejo II



Esta noite, os sonhos tidos foram a dormir, descontrolados e sem rédeas – não entravas em nenhum deles. Esta noite não houve tempo para mantas ou pernas febris – ficaram presos ao ontem. Esta noite, sem cerveja, vinho ou cafés, não houve tempo para dedos entrelaçados ou espasmos corporais – os ais são só meus?

Noite houve, atrás de uma janela por onde se olha para dentro e nunca para fora, em que carne nunca pareceu, tanto, carne - sem, no entanto, ser, sequer, consumida com sofreguidão.
Fronteiras de carne e músculo, aprisionam uma força bruta de ser, querer e vencer.

E hoje? Hoje, chove-lhe no tecto da boca, das nuvens que alberga na língua – do que não deu. Hoje, espera carta enviada mesmo que tardiamente – o selo é excusado. Hoje, espera-te no sítio do costume – ou, mesmo, noutro qualquer – para que com um sorriso, um outro arrebatas.

“Podias ser a última boneca russa… e eu deixava-te usar a coroa”, pensa alto essa estrela moribunda.


Hoje, borda um coração cor de sangue numa tela branca – armadura para coração ou coração elevado a jóia?

4 comentários:

Sof disse...

Coração elevado a jóia! Sempre em frente! Olha em frente! Sempre a dar sempre a dar... Não pára, não olha para trás. Pior será.

Pedro_Berenguer disse...

Olhar para trás, não dá. - "Aqui está(...) já lá vai"

Anónimo disse...

Só há mesmo uma coisa a dizer! Continua a escrever

Joana disse...

Muito bom.

A expressão, nas suas várias formas, é um dom que te pertence. Trabalha-o. :))))))))))))))))))




Jinhos,
Joana.